quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Richard Wright - Wet Dream (1978)


Se o disco do Gilmour é um disco de guitarrista e não de progressivo, este aqui é um disco de tecladista, e também de progressivo! E um progressivo de ótima qualidade, diga-se de passagem, com um ótimo tecladista, Richard Wright. Posso afirmar sem medo de errar que este é o melhor disco solo de um Floyd até hoje, musicalmente falando. Também traz uma grande harmonia com as canções do Wright lançadas no Pink Floyd como "Remember a Day", "See-Saw" e "Summer 68", respectivamente de Saucerful of Secrets, de 1968, e Atom Heart Mother, de 1970, discografia que ainda não vimos aqui no blog, mas que aparecerá mais adiante, mostrando que Wright tinha sim uma regularidade criativa bastante interessante.
O que também intriga é como sua carreira como músico praticamente acaba aqui. Em 80 é demitido do Floyd por Waters, em 84 grava um disco horroroso, numa banda chamada Zee, e só volta realmente a aparecer bem com o Division Bell, do Floyd, em 1994, e em outro disco solo, Broken China, de 1996. Também apareceu em 2006 excurcionando com Gilmour na turnê do On A Island e fotos podem ser vistas no post mais abaixo sobre um destes shows.
Este disco recai naquela questão sobre a criação no Floyd, que retratamos em Animals. Se Wright estava com tão boas músicas no bolso, é incrível que nenhuma delas entrasse no repertório do Floyd, visto que este disco é muito mais floydiano do que o de Gilmour, por exemplo.
Quando falo que este disco é progressivo e floydiano não estou brincando, tanto que, para quem se lembra da Rádio Eldo-Pop, uma FM experimental que tocava progressivo o dia inteiro nos anos 70, a música "Waves" deste disco, tocava direto. Esta é realmente uma música execpcional, com toda a categoria do saxofone do rodadíssimo Mel Colins, que também faz belo solo de flauta em Pink's Song (na verdade, a discografia de participações deste cara é enorme, além das bandas que já tocou como King Crimson, Camel, Caravan e Alan Parson's Project).
Todo o teclado do disco e os vocais são do Wright, assim como todas as composições, dividindo apenas a letra de "Against The Odds" com sua esposa, Julliete.
Completam o time de músicos o guitarrista Snowy White (que já vinha se apresentando com o Floyd na turnê do Animals e mais tarde, em 79, seguiria para o Thin Lizzy, um bandaço de Rock da Irlanda), o baterista Reg Isadore (que tocou com Robin Trower em seu mais aclamado disco, Bridge of Signs, de 1974) e o baixista Larry Steele.
Portanto, o que temos aqui é um compositor de primeira, uma banda excelente, e um disco imperdível.
Se Waters deixasse...

sábado, 15 de dezembro de 2007

David Gilmour - David Gilmour (1978)


O Pink Floyd pararia em julho de 77, mas seus integrantes não. Como que para própria afirmação, Gilmour e Wright disparam seus discos solos quase que em seqüência, no início de 78, enquanto Mason atacava de produtor no segundo disco da banda punk The Damned e no quarto disco do guitarrista inglês Steve Hillage, "Green".
Em relação a este aqui, o que temos é muito mais um disco de guitarrista do que um disco de progressivo, com Gilmour cantando e tocando canções. Algumas são realmente excelentes, como "There's no Way Out Of Here", "Cry From The Street", "So Far Away" (onde toca piano), "Short and Sweet", "Raise My Rent" (instrumental na guitarra, sensacional) e "No Way", para mim, são destaques. Esta última pode ser conferida neste link, na época de lançamento deste disco, com Gilmour aos 32 anos de idade e em grande forma: http://www.youtube.com/watch?v=Ev6LiLdkKDE
Portanto, classifico seis músicas em nove como ótimas, sendo que as três que não incluí não são ruins, tocam muito bem. A banda é Gilmour e mais dois amigos de épocas anteriores ao Floyd, e dão uma sonoridade bastante prática ao disco, que diga-se de passagem, execelentemente gravado em um estúdio na França, o mesmo que Wright usaria para gravar o seu.
Este foi meu primeiro disco de vinil "importado" (o que na época era bastante valioso). Tocou sem parar e ainda tenho ele guardado em perfeito estado. Recentemente foi lançado o CD aqui no Brasil, em versão remaster. Imperdível.
Vale muito a pena este disco, é impossível ouvir "Raise My Rent" uma vez só.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pink Floyd - Plays The Animals (09/05/1977)


Este aqui é um dos melhores bootlegs que tenho. Nele podemos comtemplar uma primorosa apresentação do Pink Floyd, tocando exatamente estes dois últimos discos postados abaixo, ainda dentro da última turnê deles antes do lançamento do "The Wall" (que é pela primeira vez apresentado em público só em fevereiro de 1980, não sendo tocado antes de seu lançamento, como os discos anteriores). A qualidade da gravação é ótima.
Este show é quase dois meses antes que o "Live USA" postado abaixo, mas também já apresenta sintomas de que algo não vai bem. Embora a performance da noite seja excelente, Waters erra na segunda estrofe de "Have a Cigar?", cai na gargalhada e ainda entra errado na terceira. Há um detalhe em "Shine On" VI : ou fizeram um corte com mixagem na gravação e prensagem do cd, ou Waters erra de novo ao entrar cantando antes do tempo, pois sua voz sobrepõe o final do solo do Gilmour.
Neste show, o "Animals" e o "Wish You Were Here" são tocados inteiros, além de "Money" (fenomenal), "Us And Them" (sensacional com Gilmour cantando quase toda sozinho) e "Careful With That Axe, Eugene" (com um arranjo moderno e muito bacana, numa de suas últimas apresentações no reportório ao vivo do Floyd). Também é possível ouvir a guitarra de Snowy White em background (o solo de "Pigs on The Wing" II é dele), além do sax de Dick Parry que está perfeito sempre que aparece. Nesta turnê por sinal, o "Dark Side" já não é mais apresentado inteiro, algo que só voltaria a acontecer no Pulse, de 1994.
Eu particularmente sou um grande fã do Floyd em geral, mas esta fase da banda, e em especial este show, vejo um David Gilmour em excelente forma técnica e artística, quero dizer, tocando e cantando muito bem. Percebo uma preformance destacada dele neste show, mesmo com todos os músicos se apresentando muito bem, e mesmo com Waters pré-surtando.
É ouvindo uma apresentação como esta é que dá para se perceber a sonoridade das músicas do Pink Floyd ao vivo, e entender porque sempre foram aclamados em seus shows.

CD 1) 1- Sheep 2- Pigs On The Wig 3- Dogs 4) Pigs On The Wing II 5- Shine On You Crazy Diamond (1-5)


CD 2) 1- Welcome To The Machine 2) Have a Cigar? 3) Wish You Were Here 4) Shine On You Crazy Diamoind (6-9) 5) Money 6) Us And Them 7) Creful With That Axe, Eugene.

Pink Floyd - Animals (1977)


"Animals", de janeiro de 77, é o disco que inaugura uma nova fase no Floyd. O "Wish You Were Here" foi a pá de cal sobre o Pink Floyd grupo, agora era banda do Roger Waters mesmo, mesmo que um tanto disfarçado. Gilmour assina "Dogs" com Waters e isto era quase metade de todo o trabalho do disco, mas no final das gravações, Waters aparece com duas "mini-músicas", "Pigs on The Wing 1 & 2", para abrir e fechar o álbum. Isso causou um mal estar na época, pois os royalties das publicações eram por quantidade de músicas nos discos e não pela duração das mesmas. Desta forma, e como "Dogs" foi deixada inteira (e não separada como "Shine On You Crazy Diamond", por exemplo), Waters ficou com duas publicações a mais. Este tipo de coisas causariam tensões maiores adiante, principalmente com a recusa de Waters em aceitar opiniões e co-participações nas músicas que viriam. E para até dizer a verdade, nem precisaria, pois o próximo trabalho seria o "The Wall", algo que para confirmar o que o Pink Floyd havia se transformado: banda de Roger Waters. Por sinal, Waters apareceu com "The Wall" e "Pros and Cons of Hitch Hiking" para serem votados como o próximo trabalho do Floyd e, felizmente, o primeiro foi mais votado. "Pros and Cons" viria a ser o primeiro solo de Waters pós Floyd.
"Animals" é um disco diferente de tudo que o Floyd já havia feito, um pouco mais pesado, mais sarcástico e seguindo uma linha crítica ao invés de reflexiva. Mas em termos de performance, a banda não deixa a desejar em relação ao disco anterior. Mason, tem um trabalho mais aparente neste disco, o próiprio Waters está tocando e cantando muito bem, enquanto Wright assume que sintetizadores são mais sua praia do que as harmonias em piano. Mas, na minha opinião, o que temos mesmo em "Animals"é uma grande performance de Gilmour, principalmente em "Dogs", carro chefe do disco, onde ele leva a música nas costas, ou melhor, nas mãos e na voz, com solos excelentes e vocalização perfeita. Também é nesta época que aparecem os rumores de que era Gilmour quem tocava baixo na maioria das músicas em estúdio e não Waters. Mas ao vivo a coisa não era assim, e reputo isso então como uma leviandade. Declaradamente o primeiro baixo que se ouve em "One of These Days", do "Meddle", é realmente Gilmour, depois é que Waters entra, fazendo o som dobrado do baixo.
Lançado dois anos depois de "Wish You Were Here", este disco mostra o quando a questão da criação jé estava comprometida no Floyd, principalmente porque, como vimos abaixo, "Sheep" e "Dogs" já eram apresentadas desde 1974. Mesmo sendo esboços na época, mostram que estas músicas estavam à disposição para serem lançadas. E até eram para terem sido no disco anterior, mas, como dito abaixo, Gilmour foi voto vencido. Com mais uma música temática e duas pequenas de abertura e fechamento, "Pigs" e "Pigs On The Wing 1 & 2", respectivamente, Waters deu notas finais ao disco, mas sua espinha dorsal há muito já estava pronta.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Pink Floyd - Live USA (02/07/1977)


Este bootleg, gravado no Madison Square Garden, em NY, é muito interessante porque traz o "Wish You Were Here" inteiro, como se fosse o próprio ao vivo do disco acabado e pronto. E é também uma apresentação perceptívelmente tensa do Floyd. Excelente, mas perceptívelmente tensa. Quatro dias depois, 06 de julho, no Estádio Olímpico de Montreal, Waters cuspiria em um fã histérico, no 52° show de uma turnê Europa-EUA-Canadá, que começou em 23 de janeiro, mais precisamente em Dortmund, na Alemanha. A coisa foi tão feia que o Floyd só voltaria a se apresentar ao vivo para turnê do "The Wall", em fevereiro de 1980, já com um muro construído para isolar a banda do público e em lugares para lotação máxima de 5000 pessoas. A idéia que Waters teve em 75, ganhava luz.
Percebo neste show, que já conta com Snowy White como guitarrista e baixista de apoio (ele inclusive sola na introdução de "Have a Cigar?"), que Gilmour está com a mão bem pesada, com uma guitarra rasgante, tocando muito bem mas de uma forma mais "hard". "Have a Cigar?" por sinal está o bicho e junto com uma "Wish You Were Here" belíssimamente tocada e interpretada, fazem o ponto alto do show. Waters, já no limite, meio que começa a se apresentar de forma teatral, Rick Wright tem ótima performance e o Mason parece um baterista fúnebre.
A gravação do show é excelente e, para época, poderia ser colocado como um disco oficial, um verdadeiro "Wish You Were Here Live", quase dois anos depois do seu lançamento.
Show muito legal.