quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Pink Floyd - Wish You Were Here (1975)


Este é o que eu considero o máximo criativo e perfeito do Floyd. Isto é a minha opinião, quero deixar bem claro, assim como quero deixar bem claro que falo do Floyd como um conjunto, um grupo, e não o que viria ser depois, a banda de Roger Waters (e também excelente, diga-se de passagem).
Este disco é perfeito. As músicas, as melodias, as letras, os solos do Gilmour; as composições são realmente de primeiríssima qualidade, algo realmente na dimensão do Floyd. O que também me impressiona é que justamente este disco que eu tanto adoro e considero uma perfeição até maior que o "Dark Side" (por favor, é minha opinião), foi gravado em completo turbilhão da banda, com os membros mal se falando ou mesmo olhando um na cara do outro. Era o Pink Floyd que ninguém conhecia que estava lá gravando, um bando sem nenhuma vontade de fazer aquilo, de saco cheio do show business, ricos depois de "Dark Side of The Moon" e achando que não haveria mais nada a fazer ou acrescentar depois dele. O disco já estava pronto na forma que estava sendo apresentado ao vivo, nos shows abaixo. A banda procurou então fazer alguma coisa que teria a haver com o que eles estavam passando e sentindo na época: uma grande desilusão com tudo, com os shows, com a sombra de Syd e no que ele se transformou, com o mercado fonográfico - e isso foi fundamental para dar alguma motivação para criar. Daí sacaram "Raving e Drooling" e "You've Got To Be Crazy" (a contra gosto de Gilmour, mas foi voto vencido), e entraram com "Welcome to The Machine", "Have a Cigar" e "Wish You Were Here".
Existe também o histórico episódio de Barret ter aparecido em Junho de 75, durante as gravações do álbum, gordo, cabeça e sombrancelhas raspadas, irreconhecível, algo que também deprimiu bastante a todos, mas também inspirou Roger a escrever sobre ele e mexeu com a própria banda para terminar o trabalho.
Por isso este seja um disco tido como uma homenagem a Syd Barret, mas apenas a letra de "Shine On You Crazy Diamond" é para ele, a música não. Waters fez a letra depois que Gilmour apareceu com as primeiras frases da música, que foi sendo completada "com a adição de pequenas idéias musicais vindas de várias pessoas" (Waters), até ficar pronta; exatamente como foi com "Echoes", um monte de idéias reunidas que viraram músicas (e que músicas!). "Welcome to The Machine" fala sobre a relação e a adulação da indústria fonográfica (the machine) com os músicos, "Have a Cigar" também é uma crítica ao mercado e o que realmente importa nele ( "The band is just fantastic, that is really what I think. Oh by the way, which one's Pink?"), e "Wish You Were Here" Roger Waters fez para o pai dele. Portanto, a "presença" de Syd no disco não é tão forte quanto decantada (ou tão comercialmente decantada) em sua originalidade. Mas é impressionante como se encaixa perfeitamente naquela figura.
Ou seja, este maravilhoso disco, obra sensacional, e o que mais eu poder tecer de elogios sobre ele, não representa o Floyd saboreando o sucesso alcançado mas sim uma banda fragmentada, sem vontade e triste com o que haviam se transformado (uma máquina de vender discos e autônoma, sem mais identificação com os integrantes ou seu público). Havia um grande "temor" entre eles do tipo, "o que somos sem a marca Pink Floyd?" Pouco depois Gilmour e Wright lançariam discos solo.
Tudo isso sobre o "Wish You Were Here, este disco maravilhoso, me lembra um filme que vi, "Uma simples formalidade" com Gérard Depardieu & Roman Polansky, onde o primeiro fazia o papel de um escritor excêntrico, enquanto o segundo de um grande fã seu. Após recitar vários trechos que achava sensacionais nas suas obras, o fã ouve do escritor que ele nunca deveria conhecer seus ídolos ou perguntar como certa coisa que lhe agradou foi feita, pois a inspiração poderia ter vindo de um ataque de diarréia com seu criador sentado na privada. Melhor manter as ilusões.
Não é a mesma coisa, mas lembrei desse filme.
Este disco, dois anos depois do "Dark Side" teve seu brilho ofuscado pela grande vendagem que ainda tinha seu antecessor, sendo reconhecido como uma grande obra tempos mais tarde.
Justiça tarda mas não falha.
Shine On!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Pink Floyd - Randon Precision (16/06/1975)


Este é um tremendo show.
Três meses antes do lançamento do "Wish You Were Here", o Floyd continuava uma turnê americana que tivera a primeira parte em Abril com 18 shows, parou para gravação do novo disco, voltando em junho para mais 15 shows. Esta turnê termina no aclamado show de Knebworth de 5 de julho de 75, uma apresentação perfeita em som quadrifônico, telão com projeções e até avião voando por cima das cabeças dos espectadores; neste dia o Pink Floyd foi muito elogiado tanto por fãs quanto pela crítica especializada. O set-list é o mesmo deste show aqui, em Nova York, menos de um mês antes. A banda está perfeita, em noite inspirada e Dick Parry está presente no saxofone. O show começa com "Raving and Drooling", infelizmente só a segunda metade está gravada, e "You've Goota Be Crazy", muito bem tocada, por sinal, com Gilmour em ótima forma. Aí vem "Shine On You Crazy Diamond", já dividida em duas partes e com "Have a Cigar" fazendo a ponte - E que ponte! A volta para segunda parte de "Shine On" é imediata, numa pancada na moleira dos espectadores. Conta até com solo de baixo de Roger Waters na penúltima parte, VIII, fechando maravilhosamente o primeiro set do show, numa peça de 28 minutos ininterruptos de música. Muito interessante também é ouvir Gilmour e Waters cantando "Have a Cigar", difícil para os dois. No show do Knebworth eles levaram Roy Harper, o mesmo que canta no disco.

O segundo set é o "Dark Side" inteiro, numa apresentação brilhante onde "On The Run" é uma loucura eletrônico-psicodélica, "Time" e "Money" são o quintal do Gilmour e "Any Colour you like" é uma sonzeira contagiante; altíssimo nível . O "encore" é "Echoes", com um solo de saxofone que dá uma sonoridade diferente à música, algo para mim inédito até ouvir esta gravação.

O show é memorável e é impressionante como o Pink Floyd sempre melhorava. O ponto negativo do boot é que não tem a primeira metade de "Sheep", que abre o show, e "Us and Then" está cortada, tocando só a primeira metade - um sacrilégio, pois estava uma viajem!

Foi também nesta turnê que Roger Water comentou pela primeira vez em construir um muro entre os músicos e a platéia; eram os primeiros sintomas que o cara estava curto-circuitando, o bicho pegaria mesmo em 1977.

O motivo era a histeria que havia se transformado os shows do Floyd, que historicamente causavam espanto de tão ordeiros e silenciosos que eram os espectadores, até mesmo na compra dos ingressos. Esta transformação incomodava a todos eles, não só Waters; mesmo Wright perguntava: "como podem nos ouvir fazendo tanto barulho?"

Após o sucesso do "Dark Side of The Moon", os shows do Floyd passaram a ter enorme demanda por ingressos, ficaram maiores, mais barulhentos e assobios e gritos no meio das músicas incomodavam a banda (exemplos disso são claramente audíveis no começo de "Shine On You Crazy Diamond"). Isso tornou-se insuportável na turnê do "Animals", em 77, chegando ao ponto de Waters cuspir na cara de um fã, no Canadá.

Esta gravação é de muito boa qualidade e o show é ótimo, banda nos cascos, Gilmour tocando pra cacete, repertório perfeito, uma noite memorável.

CD 1 - 1) Raving and Drooling 2) You've Got to Be Crazy 3) Shine On You Crazy Diamond 1-5 4) Have a Cigar? 5) Shine On You Crazy Diamond 6-9 6) Speak to Me 7) Breathe 8) On The Run 9) Time 10) Breathe (reprise)

CD 2- 1) The Graet Gig in The Sky 2) Money 3) Us And Then 4) Any Colour You Like 5) Brain Damage 6) Eclipse 7) Echoes

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Pink Floyd - Black Holes in The Sky - Wembley, London (16/11/74)


Gravado em 16 de Novembro de 1974, no Empire Pool, em Wembley, este bootleg traz o show completo desta noite da fomosa "British Winter Tour". E é um baita show. Começam apresentando "Shine on You Crazy Diamond", inteira, numa peça única de 24 minutos; a seguir vem "Raving And Drooling" e "Got To Be Crazy", músicas que bem mais a frente se chamariam "Sheep" e "Dogs", entrando não no próximo disco, "Wish You Were Here", de 1975, mas sim no "Animals" de 1977. Já mencionei que eles sempre trabalhavam as músicas que seriam lançadas antes, em turnê, e aperfeiçoavam de acordo com a receptividade e de como achavam que soavam ao vivo. É bastante perceptível as mudanças antes e depois dos lançamentos dos discos "Dark Side of The Moon", "Wish You Were Here" e "Animals".
Neste show o Floyd já se apresenta com saxofonista Dick Parry, além de "backing vocals" femininos, para parte do "Dark side of the Moon". "Shine On You Crazy Diamond", ainda em estado embrionário, não continha o solo de saxofone, enquanto "Dogs" e "Sheep" ainda sofreriam drásticas mudanças tanto na letra como na própria música. É interessante prestar a atenção à apresentação do já lançado e aclamado "Dark Side of The Moon", bem próxima do que é o disco e diferente das apresentadas antes do lançamento. "The Great Gig in The Sky", por exemplo, já conta com a parte vocal e "On The Run" é uma aula de efeitos sonoros e o que mais viria no futuro a se chamar música eletrônica. Neste show, a parte do "Dark Side" foi transmitida ao vivo pela BBC e isso gerou vários bootlegs, porém este é o único com toda a performance daquela noite. Neste link você encontrará as fotos do show do dia 14, dois dias antes do deste post, e no mesmo lugar:
http://www.pinkfloydz.com/wembley74/a.htm
Foram quatro noites no "Empire Pool" (14 a 17) e um total de 32000 pessoas assistiram aos shows, numa época em que o "Dark Side of The Moon" atingia cinco milhões de cópias vendidas.
Por sinal, o show do dia 14 também é apontado por Gilmour como o mais fraco de toda a turnê daquele ano por causa de problemas com o equipamento. Tudo corrigido, esta performance do dia 16 é espetacular.
O Pink Floyd virara um super grupo e o papo agora eram mega-shows, estádios cheios e muita, muita pressão. O diálogo entre David Gilmour e a platéia, entre as músicas "Sheep" e "Dogs" mostra a relação da banda com o passado e com que eles queriam para o futuro: tocar músicas novas e viver um novo repertório; não era mais 1967, eles estavam em 1974 !
Este bootleg contém duas horas e vinte minutos de um show imperdível, muito bem gravado e muito, muito bem executado. A gravação não apresenta divisões nas músicas do "Dark Side", figurando como apenas uma faixa no disco; e isto é muito legal porque você tem que ouvir a execução inteira! No final eles ainda voltam para um "encore" com "Echoes", fechando uma noite realmente sensacional.

CD 1 - 1) Shine On Crazy Diamond 2) Raving And Drolling (Sheep)
3) You gotta Be Crazy (Dogs) 4) Dark Side of The Moon.


CD 2 - 1) Dark Side of The Moon 2) Echoes

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pink Floyd - Any Colour You Like - (29/11/1972)


Esta apresentação do Pink Floyd na França, no final de 72, já apresenta um "Dark Side of The Moon" mais lapidado em relação à gravação de fevereiro abaixo. Os solos de guitarra já se apresentam próximos ao do disco, mas "On The Run" e "Any Colour You Like" ainda são excelentemente diferentes, "Money" é uma porrada e "Great Gig in The Sky" ainda não tem voz, mas já conta com o piano. Um detalhe é que, até este ponto de sua carreira, o Pink Floyd ainda se apresentava sem músicos de apoio, só com os quatro integrantes no palco. E isso é um baita detalhe porque dá para se ter a noção exata do que era a sonoridade do Pink Floyd ao vivo. Músicos de apoio só apareceriam no ano seguinte, muito por causa de Dick Parry, saxofonista em "Money e "Us and Then", e Clare Torry com sua espetacular vocalização em "The Great Gig in The Sky". Levada por Allan Parsons, então tecnico de som do "Dark Side of The Moon", fez duas tomadas e meia da música e a imortalizou num improviso contagiante. Mais tarde Claire ganharia uma ação na justiça pela co-autoria da música. Neste link você pode conferir uma ótima entrevista sobre sua participação com o Floyd:
http://www.brain-damage.co.uk/other-related-interviews/clare-torry-october-2005-brain-damage-excl.html

Voltando ao bootleg, além de uma belíssima apresentação do "Dark Side" ainda traz um "encore" de mais meia hora com "Echoes" e "One of These Days", esta uma pedrada. A qualidade sonora é boa com alguma distorção e, como um bom bootleg dos anos 70, roda um pouco mais rápido que o normal, devido a ter sido gravado em vinil de alta capacidade, recurso usado na época para que coubessem mais músicas em cada lado do disco. Dá para corrigir fácil no Sondforge, por exemplo, mas preferi manter a "originalidade" do bootleg.
O Pink Floyd fez cerca de 85 shows em 1972, e mais 17 em 73, passando de 100 apresentações, até março, mês de lançamento do "Dark Side" . O primeiro show é o abaixo, "Best of Tour 72", e este aqui é aproximadamente o de número 77 , se minha fonte não me trair (eterno dilema dos pesquisadores). Já no disco oficial, os vocais de Clare Torry e o saxofone de Dick Parry dão nova cara ao trabalho final, além de influenciarem no futuro dos shows da banda, pois eles não mais se apresentariam só os quatro no palco.
É muito interessante acompanhar a evolução das apresentações do "Dark Side" e como eles foram chegando ao trabalho final. Além de "Echoes" e "One of These Days" esta gravação não traz os cortes em "Time" e "Us and Then" do show de fevereiro no Rainbow Theatre. Estes discos são a exata noção do potencial do "Dark Side" ao vivo na época, principalmente, interpretado e apresentado apenas por seus criadores.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Pink Floyd - Best Of Tour 72 (17/02/1972)


No post abaixo coloquei que já haviam bootlegs do "Dark Side of The Moon" antes de seu lançamento oficial; bom, este é um deles. Na verdade, este bootleg não é um disco qualquer. É uma gravação histórica pois trata-se da primeira apresentação ao vivo do "Dark Side", no Rainbow Theatre, em 17 de fevereiro de 1972 - eles tocaram de 17 a 20 e o disco seria lançado um ano depois. Este show, tido como memorável, é também descrito como uma virada na carreira do Pink Floyd, pois apresentava uma sonoridade completamente diferente das viajens espaciais e lisérgicas de antes. Para executar o show foram montados nove toneladas de equipamentos e um total de 12000 pessoas assistiram estas apresentações com ingressos esgotados todas as noites.
Na gravação algumas músicas estão cortadas, mas a única perda sensível é "Us And Then". A performance da banda é magnífica e a diferença da sonoridade deste Floyd em relação a outubro de 71, no bootleg "Echoes" abaixo, com quatro meses de diferença, já é bastante perceptível. Vale a pena conferir a mudança do estilo do Pink Floyd ao vivo e contemplar uma apresentação interessantíssima, com instrumentais diferentes nas músicas que ainda não estavam totalmente prontas - "Great Gig in The Sky" é um esboço, "On The Run" é o bicho, o solo de "Time" é uma viajem... e por aí vai...
A qualidade da gravação é ótima.

1. Speak To Me /Breathe 2. On The Run 3. Time 4. Breathe (Reprise) 5. The Great Gig In The Sky 6. Money 7. Us & Them 8. Any Colour You Like 9. Brain Damage 10. Eclipse.

Esse show... no início de 1972... com os aparatos visuais que o Floyd usava ... e eles no auge criativo...
"there is no dark side of the moon really…matter of fact it is all dark".